Fui desafiada a refletir sobre "Educação Inclusiva" em um momento que presenciei a exclusão de um membro da família da "escola" que deveria educar e não julgar. Irônico, né! Segue registros de meus sentimentos sobre Diversidade e inclusão....
PARA REFLETIR!
Diversidade, diferença, inclusão, exclusão são termos muito utilizados nos grupos sociais, ganharam destaque nos últimos anos em virtude de grandes conflitos sociais provocados pela ideia de padronização de culturas, valores e costumes. Padronização que coloca em destaque um modelo e descarta os grupos minoritários.
Certamente, priorizar um modelo não pode trazer bons resultados como sabemos muito bem, uma vez que, discrimina “outras” formas de viver e compreender o mundo. Isso é tão óbvio que é difícil compreender porque se tornou tão discutido somente nos últimos anos. Enfim, se concordamos com a ideia de que viver em sociedade, exige perceber e respeitar a diversidade e incluir toda e qualquer manifestação de crenças e atitudes, o questionamento que faço é: Por que a escola não é diversificada? Ao valorizar um modelo, padrão para a maioria, ela pode levantar a bandeira da inclusão?
Tenho a impressão de que a escola traz nos documentos oficiais todos princípios de respeito à diversidade e promotora de inclusão social, no entanto, sua organização física, didática e pedagógica revela uma grande lacuna entre o que deve ser feito e o que realmente acontece.
Para refletir sobre essa discrepância organizo minhas ideias em duas vertentes, uma com enfoque na organização dos recursos físicos e outra na organização dos recursos humanos.
Fisicamente, a escola é estruturada no pilar da “disciplina”, tanto para o desenvolvimento cognitivo quanto para o desenvolvimento atitudinal da comunidade escolar. Isso se concretiza na “grade curricular” e no documento de “regras disciplinares”. A impressão que tenho, às vezes, é de que há regras de um “sistema” que devem ser mantidas e não podem ser questionadas. De longe, a organização do espaço físico escolar viabiliza a inclusão e muito menos o respeito à diversidade.
Quando penso na organização dos recursos humanos, vejo que o respeito à diversidade se torna ainda mais utópico. Uma das coisas que me incomoda e não vejo justificativa é a manutenção de hierarquias e valorização das posições de poder no ambiente escolar. Quase todos têm posições de poder e sustentam uma relação de “eu mando, você obedece” porque “o sistema” diz que deve ser assim. Digo "quase" todos porque existe uma exceção, o aluno. A escola que prega o discurso de educar, formar para a vida, na verdade exclui sem perceber. A hierarquia é sustentada de forma que o diretor manda no coordenador, que manda no professor, que manda no aluno, que é obrigado a obedecer, porque existem regras disciplinares a serem seguidas. Ressalto que essas regras são para “os alunos”, não são válidas para os que estão nas relações de poder. Ou seja, o estudante é punido se chega atrasado, os demais, no máximo, são advertidos! O aluno não pode usar celular, o professor pode. A internet? Só para servidores!
Concluo que a escola tradicional que se mantém é desenhada para quem ocupa lugar de poder. Os outros? ou se adequa à realidade ou pede para sair. Vejo que a escola precisa rever sua organização, deve educar e não punir! Deve respeitar e não excluir! Como mudar essa realidade? a Finlândia, a Escola Projeto Âncora, Paulo Freire, entre outros, ensinam!
Azenaide Vieira
07/07/2017